segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O PAPEL DA MULHER NO ROMANCE DE JANE AUSTEN

Minha Monografia:

No que se refere à Jane Austen, tem-se a realidade transportada para a ficção. Esta, por sua vez, traz o panorama da vida e expectativas vivenciadas pela maioria das mulheres do começo do século XIX. A sociedade inglesa deste período, nos mostra os costumes e convenções que regiam as comunidades apresentadas por Austen.         
Logo, seus romances retratam o costume inserido nas festas, relações familiares e sociais e nos relacionamentos, regulando e condicionando. Sua capacidade de interpretar a realidade da qual fazia parte era fruto não só de conhecimento adquirido mas, de observação do outro e entendimento das engrenagens sociais.
Jane Austen, usando uma sutil e irresistível ironia, faz um esboço da mulher na sociedade pré-vitoriana, suas aspirações e limitações. Descreve as sanções e impedimentos sofridos pelo fato de ser mulher como testemunha ocular, visto que, “não era considerado apropriado para uma jovem dama da classe de Jane Austen escrever e ganhar dinheiro com isso. Portanto, colocar ‘por uma dama’ era uma coisa mais decorosa” (RAY, JOAN K. Professora de Literatura Inglesa da Universidade do Colorado).
Em muitas análises, as influências de outros escritores e de acontecimentos históricos no autor estudado, são apontadas na composição de suas personagens e de sua escrita, porém, Austen não passa – pelo menos explicitamente - essa visão em suas obras.
Entretanto, deve-se atentar ao painel histórico da época. A transição situada entre final do século XVIII e início do XIX e mudanças significativas decorrentes de transformações no campo tecnológico, processo produtivo acelerado em consequência da Revolução Industrial, avanços científicos e importantes contribuições de pensadores da Era da Razão - trazendo em suas literaturas, a dinâmica e a crítica da vida e do mundo em que viviam - promoveram novos níveis sociais e econômicos e o acesso à cultura de massa inaugurando assim, um novo limiar literário e social.

Palavras-Chave: Jane Austen; Romantismo; literatura; sociedade do século XIX; romance.

Cida

sábado, 25 de setembro de 2010

O Código


Tenho medo
delas
das letras que estão no meu pensamento
Escorrem por entre meus dedos e ganham vida
Tenho medo
E vergonha
Sabem muito de mim
Mas não querem desistir
Surgem lentas ou rápidas mas sempre me despindo
Tenho medo
E vergonha
Olham para mim me acusando
Às vezes me consolam
Outras me escandalizam
Elas estão sempre perto
Não esquecem, não calam
Querem revelar o que a alma tenta aprisionar
E elas ganham e perdem
E continuam
A incomodar



Por: Gilda Guimarães

Razão

Pra que viver senão por Ti Senhor
Me diga, se não vejo o bom senão em momentos raros e rápidos
Para que viver senão for para Ti
Se há guerras internas, guerras intelectuais, guerras territoriais
Para que viver se não for para Ti, se acho tudo enfado
Se não gosto do que faço ou do que falo, e muitas vezes o que penso também não me agrada
Para que viver se não for por Ti
Se todos os dias é um levantar, arrumar, vestir, correr, atrasar, chegar
Comer, enfurecer, acalmar, tolerar, maldizer, suspirar, sair e morrer...
Para que viver se não for para Ti
Se ninguém entende, se poucos têm a paciência, se não ligam ou não querem
Ou não se importam
Para que viver se não for por Ti
Se não querem falar, ouvir só se forem poucos minutos, um olhar custa atenção
e o tempo falta
Para que viver se não for simplesmente por Ti
Se tudo é errado, e o certo está longe, se falho, se peco, se não faço, se faço errado
Se não soube, se não aprendi se não posso ser melhor
Para que viver senão for para Ti
Se tudo é temporário, se sentimentos vem e vão se a perfeição escorre por entre os dedos
e o medo faz morada e vai embora e deixa marcas
Para que viver, dizer, ver
Entender
E ouvir
Para que saber e ter que viver com o conhecimento que não querem
Para que continuar se os passos não respondem e se a alma descansa
Para que viver – só tem um motivo – e o motivo é somente este
Pertenço-te e a Ti somente – e não há outro – e não há motivo maior
Para viver, para crer e prosseguir...



Por: Gilda Guimarães

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Horas Culturais 2009


Ao sair para cumprir as horas culturais solicitadas pelo curso de Letras, percebi que um passeio começa no momento em que se sai de casa, mesmo sem ter chegado ainda ao destino planejado. 

Ao andarmos na rua ou ao pegarmos uma condução, entramos em contato com a vida acontecendo em tempo real. Pessoas, falares e atitudes diversas.

E é tudo isso que veremos também no teatro, no cinema, na exposição, na mostra... são pessoas diferentes fazendo coisas diferentes para mostrar tudo o que sentiram e viveram; dividindo um sonho ou compartilhando um peso.
Decidi então, por meio da escrita, fazer o mesmo.



        URBA

Estou atrasada, corro, não posso perder
Tempo
Paciência
Dinheiro
Condução
Não eu!
Corro, as pessoas não andam! A fila empaca, o cobrador demora
não tenho tempo para bom dia, não é minha função, é a dele
Rostos, vultos, cores, multidão
Peguei tudo? Pente, batom, bilhete, revista, mp3, óculos escuros
Esqueci a educação... esqueci que sou gente
E gente se importa com gente
Está doente? A cabeça pende? Que me importa essa gente?
Os joelhos doem, a idade pesa, a criança chora e reclama e sente... gente, gente, gente
Eu também sou gente!
Esqueci de olhar, esqueci de perguntar, esqueci...
já não sou gente.



Por: Cida

Portucado

(português complicado)



 Seu Firmino, estava lá na roça capinando e mascando seu rolo de fumo... Eis que chega um dotô; e logo vai gastando o portugueis.
_ Boa tarde nobre senhor! O senhor poderia me fazer um obséquio?
_ Ói, eu num sei fazê isso não sinhô! – responde o caipira.     
O “doutor”, achando graça da simplicidade do caipira aproveita para usar e abusar de seu vocabulário erudito...
_ Caro amigo, tão somente peço que me faça uma afabilidade, um favor.
_ Ah! Sendo assim posso sim sinhô. Podi fala.
_ Incauto senhor, sou um grande empresário e é imprescindível que eu chegue logo na cidade para que meus negócios não sejam lesados, ao contrário, que sejam sancionados; porém, meu GPS está danificado e não tenho uma noção precisa da direção a que devo me dirigir...
_ E tudo isso aí é grave dotô? – diz o caipira que não estava entendendo nada do que o homem estava falando.
_ Como assim grave?!
_ Esse negocio de cauto, gps e cindível.
_ Ora quanta ignorância! Caro senhor, quero apenas saber em que direção fica a cidade!
_ Ara, e era só issu? È facin, facin... o dotô segue toda vida nessa estrada até chegá num descampado que tem um pé de Ipê-amarelo bunito qui só, então vira a direita anda mais dois quilometro, faiz o retorno a sua esquerda e entra a terceira a direita, daí uns 10 minutin chega na cidade.
_ Obrigada meu caro vetusto.
O empresário  resmunga enquanto entra no carro: “velho mais ignorante”...
Com ouvido apurado pela necessidade, o caipira grita ao longe:  “É mais eu  sei onde estou”! – e sai resmungando também que “vetusto” é a mãe dele... seja lá o que isso quer dizer.




Por: Cida